Metamórfico

29.11.10

Pode ser que se passem os dias. E passem tantos que ela nem se lembre mais. Pode ser que passe a chuva e a ventania que a força a ficar parada nesse mesmo lugar, esse hiato entre si e o Possível. Um Algo que ela se transformou, sem saber que mudava e já mudando assim ficou.

Pode ser que o mundo gire, tudo fique de ponta a cabeça e o que era certo agora só a fumaça.

Pode ser que tudo fique como sempre foi, intacto, em repouso. A calmaria costumeira que não vem precedida de uma ressaca. Pode ser que fique no porto seguro, a sua bolha, o lar, ou qualquer que seja a denominação.

Pode ser que o porto desabe, a bolha estoure e o lar seja somente uma casa qualquer. O céu que animava agora pese de melancolia ou margaridas besbotadas. Pode ser tudo, nada, ou ambos ou nenhum. Que azul vire cinza, que lágrima vire sorriso, que um botão vire uma rosa e uma árvore uma cadeira.

Mas pode ser que não.

Brisa

14.11.10
É lembrar do ontem sem sentir tanta saudade. Saudade a qual deveria ser sentida, mas elas são tão facilmente contadas nas mãos que o cansaço vence a memória. Mas o brilho vago de certos momentos invadem a alma e vem como a ressaca das ondas que se jogam contra as pedras. Eles foram vividos agora a pouco, ou não?




Por que ainda sinto o cheiro desses dias, sinto também o calor do sol, de como ele refletia em mim e como aquecia. Hoje aquece diferente. Esses dias despreocupados chegam aleatórios e impestam a mente nos momentos de alheiamento, e o olhar vazio quando pesa faz chorar, pois a alegria e tristreza são mesclados numa onda de paradoxos criados na mente do ócio.

Faz chover, volta, não volta. Essa leve brisa de lembranças agora,
só um arrepio.