Seta, Alvo.

30.9.11


Te adoro poesia

Porque sou prosa,

Porque vejo nos teus versos

Desritimados,

As assonâncias que quero que caibam

Nos meus parágrafos

Extensos.

Porque tua saciedade instiga

Minha sede de dilúvio

Que se pergunta como teu gosto

Deseja

Que os instantes passem fáceis

Enquanto eu procuro beber

Cada um,

Por completo.


¨

Valsa Pronominal

16.9.11


Só sei desenhar palavra

Meu canto é sílaba

A dança que sei dançar

vira diálogo.

Pinto meus adjetivos

porque só florescem versos

nos meu jardim sem flores,

que encantam meus sujeitos

ocultos, abismados, inexistentes,

hiperbólicos.

Nesse papel que é tela,

de lápis-pincel, texto-óleo.

Depois do onze e do nove.

4.9.11


Se foi rápido, não percebi.


A intensidade fez com que meus velhos conceitos e amarras fossem esquecidos. Essa conhecidência e o teu sorriso, escondido dos meus olhos fáceis, inundaram o meu abandono e o próprio relógio se esquece de alertar minha chatice, que vira água desapegada e corre para os seus rios tão flutuantes e musicais. Convidativos de uma forma que não te digo. Então deixo que me leve; Para onde ainda não sei, não preciso saber, só preciso conhecer a tua timidez de uma vez por todas para acabar com essa inquietude.

Você, me diz Poema; Eu, te digo Encanto. E no fim, é tudo sobre ânimo e hesitação, sinônimos e enganos, tutano e eufemismo. Eu sorrio, sem graça e você transforma a minha falta de altura em mais um motivo pra eu querer te encontrar.

Nos resumimos em desconhecido, nas vontades gigantes e invasores alienígenas. Acho que foi a sorte das 22:13.

Já eu, não.

1.9.11
Eu não queria ter te conhecido no balcão de um bar, enquanto mentia minhas fingidas mágoas sobre um último e fracassado amor. Você ouviria essas histórias, desistindo de ir embora como disse que iria, só porque não aguentava mais a garota infantil que te forçaram a conhecer. Entretanto, nos daríamos bem; nos tornaríamos amantes dentro de menos tempo que poderiamos supor.

Assim, ainda no bar, nessa madrugada vazia e depois de uma longa conversa aleatória sobre as peripécias do ser humano nas vidas que levam, brindaríamos em um silêncio bêbado à total descrença no amor e na verdade.

Mas o que eu queria era que o sol já estivesse raiado. Então, assim que eu saísse pela porta do bar e os raios batessem nos seus olhos claros, você mentiria que eu era a pessoa perfeita pra você. Iria correndo atrás de mim, me alcançaria e nos beijaríamos mais intensamente do que eu sempre fui capaz de fingir. Você até diria 'eu te amo' e eu riria, sabendo que as nossas palavras fáceis eram subterfúgios para explicar o acaso inexplicável.

Acontece que eu era a menina babaca que nossos amigos te apresentaram, e o asco foi recíproco ao primeiro olhar que trocamos; rápido e fatal. Uma pena, estávamos desesperados por um amor fácil mas não conseguimos ao menos engolir-nos a nós mesmo.

Não foi bom enquanto durou. Pois não durou.
Nós nem existíamos.




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