Estou perdendo a saude mental. Não te vejo mais por aí, rondando meu dia com seus olhares curiosos. Não escuto mais teu riso largo. Não encontro mais seus beijos pela tarde ou seu abraço quente. Tenho duvidas. As memórias estão cada vez mais escassas e não consigo definir se tudo aquilo (ou isso) aconteceu há um mês, ou dez anos.
É vago.
Todas as lembranças a sua volta se apagam pouco a pouco, com minha ajuda. Só você permanece. Lembro teus gostos como se fossem os meus, cada infeliz e inesquecível detalhe, cada pinta da suas costas. Cada timbre, cada tipo de humor e seus autores favoritos. Teu cheiro está impregnado em mim.
E o que sobrou? Esse pouco que sobrei depois da partida. Esse fiasco, esse projeto inacabado, que tenta amenizar tua memória e falha. Como prossegue? Se é inerente ao esquecido transformar o falho em drama, por que não consigo fazer de você um romance e te escrevo logo um capítulo final com um desfecho emocionante?
E me responda, como fiquei tão clichê depois de você.
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