Pode ser que se passem os dias. E passem tantos que ela nem se lembre mais. Pode ser que passe a chuva e a ventania que a força a ficar parada nesse mesmo lugar, esse hiato entre si e o Possível. Um Algo que ela se transformou, sem saber que mudava e já mudando assim ficou.
Pode ser que o mundo gire, tudo fique de ponta a cabeça e o que era certo agora só a fumaça.
Pode ser que tudo fique como sempre foi, intacto, em repouso. A calmaria costumeira que não vem precedida de uma ressaca. Pode ser que fique no porto seguro, a sua bolha, o lar, ou qualquer que seja a denominação.
Pode ser que o porto desabe, a bolha estoure e o lar seja somente uma casa qualquer. O céu que animava agora pese de melancolia ou margaridas besbotadas. Pode ser tudo, nada, ou ambos ou nenhum. Que azul vire cinza, que lágrima vire sorriso, que um botão vire uma rosa e uma árvore uma cadeira.
Mas pode ser que não.