Os sentimentos andam rasos. O amor é fugaz; raiva passageira; bondade desconfiada e felicidade tão profunda quanto uma poça d'água. Quero querer matar alguém. De asfixia ou risadas. Pular da ponte, com certeza. Meu riso largo amarelou, meu choro secou. Não há motivos, é novidade. E ultimamente não vejo necessidade de me gritar por aí. Onde estão meus quereres infinitos! Quero o que eu quiser, de volta. Preciso reencontrar isso que nem eu sei; preciso daquela lâmpada acesa, tão comum de pouco tempo atrás. Minha caixinha de surpresas não sei onde foi parar, nem porque sumiu.
Estou cinza. É necessário esforço para eu mesma notar-me nesse meio de pessoas fictícias, sorrisos de plástico e nervos de bolha de sabão. Onde está meu entusiasmo? Não acredito que toda curiosidade por esse Mundinho correu rio a baixo e perdeu-se, como a areia da praia que foge das mãos. O novo tornou-se mais uma vez desinteressante mas eu mesma não percebi, ou será que me encontro envolvida por uma daquelas nevoas ilusórias que teimam em pregar peças trocando vermelho por amarelo, riso por contentamento e normalidade por marasmo?
Mostre-me um tudo e talvez nós riremos desse mundo com rostos de porcelana e olhos de botão, tão chatos.
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