O Engaiolado

22.1.12

É medo de cair.

Por isso não consegue olhar para o abismo que se abre abaixo do ninho, assustador. Suas asas por certo arquejariam e bateriam em falso quando, temerário, se lançasse no vazio do primeiro vôo. Paralisado, mortificado, em pleno ar, o corpo em queda seria um simples saco de pequenos ossos. A existência oscilante justificada pelo fim débil e simplório.

As asas, intocadas. A vontade de voar engaiolada pelo o medo de queda.
¨

Sobre o que nunca aconteceu

6.1.12


E no fim,
Desejado fim, triste fim,
a dúvida, agora eterna, se cria, enraiza.
O tingido desbota, o som se esvai.
Teu último olhar, consentido, pesaroso, educado,
encontrou o meu, igualmente disfarçado.
Fraco. Esperando arrependimento.
Por ser tolo, e inquietamente lúcido. Por querer a raiva,
crua e sólida.


O fim não existe. Nada existiu.

(Mas será que você continua
a me ler?)
"