Meio-dia no outono.

17.5.12

O corpo vaga distante, alheio.

As certezas não sabia em que canto deixara. As emoções se diluiam aos poucos no ar úmido da tarde em queda, e os olhos fechados andavam bastante cansados para sair à procura. O canto desafinou. A poesia desandou. Se afogando em desvontades, deixava o corpo morrer no meio da encruzilhada e se abstinha de decidir qualquer coisa, terrificado ou incrédulo ou ambos ou nenhum. As palavras saíam tortas, espaçadas, disformes. Não me sei mais. Tento me agarrar em versos aleatórios, mas derrapo no meio-fio e caio, arrastando os lábios no chão, cobrindo o cinza de vermelho-desesperança.

E cá, nessa sensibilidade embotada, repousa o desconhecido. Cadavérico, mórbido, estanque. Ou apenas em repouso, esperando por ser empurrado ladeira à baixo.
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4 barulhos :

{ Dan Arsky Lombardi } at: 31.5.12 disse...

Na minha mente vieram diversas pinceladas cinzas, pretas e vermelhas. Que contraste!

{ Andressa } at: 5.6.12 disse...

Ficou cinza pois desandou, e vermelho pois sangrou. É repouso mas é correnteza. É confuso!

{ Iguimarães } at: 18.6.12 disse...

Cabral de elo ia apoiar! A poesia que literalmente machuca! lindo!

{ Monique Burigo Marin } at: 24.6.12 disse...

Não permita que a delicadeza se entregue ao áspero asfalto. Talvez ela não volte inteira. Talvez nem volte. Se for para ficar caída, que seja em terra fértil, suas palavras merecem desabrochar.

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