Se eu fosse um mês, eu seria de Setembro.
Se eu fosse um dia da semana, eu seria sábado.
Se eu fosse uma hora do dia, eu seria 2 da manhã.
Se eu fosse um planeta, eu seria Jupiter.
Se eu fosse uma direção, eu seria norte.
Se eu fosse um objeto, eu seria a chave.
Se eu fosse um líquido, eu seria um café.
Se eu fosse um instrumento, eu seria uma chave de fenda.
Se eu fosse uma flor, eu seria um lírio.
Se eu fosse um tipo de clima, eu seria ensolarado.
Se eu fosse um instrumento musical, eu seria um piano.
Se eu fosse uma cor, eu seria menta.
Se eu fosse uma emoção, eu seria irônico.
Se eu fosse uma fruta, eu seria um morango.
Se eu fosse um som, eu seria barulho de chuva.
Se eu fosse uma comida, eu seria um waffle.
Se eu fosse um material, eu seria guache.
Se eu fosse um gosto, seria azedo.
Se eu fosse uma parte do corpo, eu seria o pescoço.
Se eu fosse uma expressão facial, eu seria indiferente.
Se eu fosse uma canção, eu seria rima.
Se eu fosse um par de sapatos, eu estaria all star.
Pare.
Stop.
A vida parou
ou foi o automóvel?
(Tudo passa, tudo para. Eu paro, ou passo? Paro de passar, passo a parar.)
Eu não lembro de nada.
Saudosa amnésia
Memória é coisa recente.
Até ontem, quem lembrava?
A coisa veio antes,
ou, antes, foi a palavra?
Ao perder a lembrança,
grande coisa não se perde.
Nuvens, são sempre brancas.
O mar? Continua verde.
Memória é coisa recente.
Até ontem, quem lembrava?
A coisa veio antes,
ou, antes, foi a palavra?
Ao perder a lembrança,
grande coisa não se perde.
Nuvens, são sempre brancas.
O mar? Continua verde.
Ao perder a lembrança, grande coisa não se perde, certo. Mas e como faço com aquela consulta fundamental no médico que havia marcado para segunda? Esquecer pequenas coisas que atrapalham no seu cotidiano é melhor do que perder a noção de tudo a sua volta?
Não tão tarde ainda?
23.12.09
Oh sim
Há coisas bem piores
do que ser sozinho.
Mas às vezes levamos décadas
para percebê-lo.
E ainda mais vezes
é demasiado tarde.
E não há nada pior
do que
demasiado tarde.
Há coisas bem piores
do que ser sozinho.
Mas às vezes levamos décadas
para percebê-lo.
E ainda mais vezes
é demasiado tarde.
E não há nada pior
do que
demasiado tarde.
Epitáfio
Foi engraçado achar essa tira, eu tenho essa dúvida sempre. Se um dia, qualquer dia entre todos os dias, nós podemos de uma hora pra outra simplesmente morrer, então porque passamos a vida toda nos preocupando? Você pode se preocupar com isso durante anos, um dia, quando você esquece e vai tomar um banho, escorrega no sabonete e quebra o pescoço. Nós somos tão frágeis. Morremos por qualquer coisa, seja uma gripe que se agravou ou um maníaco com um arma na mão bem no dia do aniversário da sua tia. Do nada, quando você menos esperar. É por isso que eu acredito em ditados populares, "A morte não manda recado". E não manda mesmo, você pode engasgar com uma batata-frita almoçando com sua irmã no McDonald's. O que levamos dessa vida? Alguma coisa vale a pena realmente, já que dela nem vivo saímos?
Como dizem, a morte é nossa única certeza. E no final das contas, vivemos só para esquecer que um dia teremos que morrer. Fui enganada.
História de um sapato.
15.11.09
Um homem daria uma palestra naquela tarde. Começou mal o dia. Teve problemas no carro e precisou pegar um ônibus. Mas quando entrava, o motorista do dito cujo fecha a porta e seu pé acidentalmente fica preso do lado de fora. Seu sapato, italiano, caíra abandonado na rua e o motorista nada de parar. Rapidamente, sentou no chão do ônibus e com a velocidade de uma flecha, arrancou o outro pé de sapato. Jogou-o pela janela. Ficou de meias, que aliás eram confortáveis.
No fim da tarde, meu pai me liga contando a história. No final, me disse em tom de reflexão, filosofando: "A mim, de que adiantaria um pé de sapato? Ao menos com os dois na rua, terá utilidade para quem encontrar"
Atitude altruísta. Eu com certeza absoluta não teria esse pensamento rápido. No máximo ficaria chorando pelo sapato perdido e com raiva de ter que andar com um pé só.
Por onde andarão esses sapatos?
Não mais que de repente.
12.11.09
De repente, não mais que de repente
Fez-se de triste o que se fez amante
E de sozinho o que se fez contente.
Fez-se do amigo próximo o distante
Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente.
Fez-se de triste o que se fez amante
E de sozinho o que se fez contente.
Fez-se do amigo próximo o distante
Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente.
Números
Enlouquecem! São tantos, em todos os lugares, a todo tempo. As vezes vem disfarçados, como um delta, um alfa ou outro qualquer. Equações, inequações, logarítimos, exponenciais, raizes, trigonometria, sen de alfa, cos de beta, a soma do quadrado dos catetos. Cansam, enlouquecem. Seria bom entendê-los, de vez em quando.
Meias ideias
4.11.09
Meias ideias. Tenho a todo tempo. Ideias soltas, pensamentos infundados, perdidos por aí. Minha memória fraca ajuda a esquecer essas metades pra sempre, o que as vezes é bom mas na maioria das vezes, de fato, é ruim. A sensação de vazio quando você tenta lembrar de algo que sabe que está ali, mas não sabe onde, é deprimente. Um endereço, uma música, uma pessoa, uma data importante, nome, telefone, cor, palavra, gesto. Meias ideias. As vezes elas surgem 'meias' também, não completadas, nascidas de um momento de distração criativo, num guardanapo do restaurante, num pedaço de folha arrancado do caderno. Desta vez não a minha memória mas o vento ou o acaso tratarão de esquecê-las. Nadar, nadar e morrer na praia. Meias ideias.
Flashes. Fade to black. Nothing new.
O ciúme
31.10.09
Ciúme: Do lat. *zelumen < 'cuidado'; 'ardor'; 'inveja'; 'ciúme'.
1. Sentimento doloroso que as exigências de um amor inquieto, o desejo de posse da pessoa amada, a suspeita ou a certeza de sua infidelidade fazem nascer em alguém; zelos.
Ciúme é aquele sentimento de angústia que você sente quando vê alguém se aproximando de algo ou alguém que julgava ser de sua propriedade. Ciúme é quando você olha de soslaio. Ciúme é quando você julga. E sofre, e sente, e reprime. Ou não, você pode dar um soco em alguém sem pensar em nada, só com esse sentimento batendo forte dentro do peito.
Você pode ter ciúme de alguém que goste, de um objeto, de um animal. Ciúme até de alguém que você nem conhece, aquela pessoa que você vê todos os dias na rua, a caminho do trabalho. Quem disse que esse sentimento como todos os outros, é pra ser entendido? Ele é nada mais que um misto de amor com a posse.
Ciúme é tensão, insegurança, autoritarismo. Ou ciúme é amor? Quando você começa a remexer nas coisas do seu namorado, vasculhar os bolsos e pegar furtivamente o celular, achar que todos te trâem, não é mania de perseguição? Não dá pra saber quando o ciúmes ultrapassa o limite da razão. Mas, esse limite existe, de fato?
Meu ciúmes é incontrolável. É tão fácil sentí-lo e tão difícil escondê-lo. Será uma doença?
Apagado
30.10.09
É noite sem estrelas.
"Maybe I will never be
All the things that I want to be
But now is not the time to cry
Now's the time to find out why"
"Maybe I will never be
All the things that I want to be
But now is not the time to cry
Now's the time to find out why"
The Beginning
28.10.09
Não existo. Começo a conhecer-me. Não existo.
Sou o intervalo entre o que desejo ser e os outros me fizeram
ou metade desse intervalo, porque também há vida...
Sou isso, enfim...
Apague a luz, feche a porta e deixe de ter barulhos de chinelos no corredor.
Fique eu no quarto só com o grande sossego de mim mesmo.
É um universo barato.
(Àlvaro de Campos)
/ Tudo tem um início.
Sou o intervalo entre o que desejo ser e os outros me fizeram
ou metade desse intervalo, porque também há vida...
Sou isso, enfim...
Apague a luz, feche a porta e deixe de ter barulhos de chinelos no corredor.
Fique eu no quarto só com o grande sossego de mim mesmo.
É um universo barato.
(Àlvaro de Campos)
/ Tudo tem um início.