Inquieto, incansável e indeciso.

19.12.10

É pura impressão. Os dias não passam mais rápido, o ano não terminou antes que o de costume e todos os meses e as semanas e os dias foram vividos um de cada vez, como sempre. Mas todos nós, decididamente mudamos. O lugar onde você vive mudou e as pessoas com quem você convive não são mais as mesmas, pois ou mudaram ou foram-se. Como o tempo, o ambiente se transformou em outro.

Nada mais pode ser como antes, pois como está claro, o tempo passa e nenhum dia pode ser voltado e nenhum olhar pode ser olhado da mesma forma no mesmo tempo que passou, pois esse vento que passou agora, quem sabe aonde? E quem sabe qualquer coisa? Pois se do pó viemos, porque ao pó voltaremos? O meio é modificado pelo homem ou é simplesmente o contrário? E porque as ideias ficam retrógradas e os homems ao invés de somar apenas subtraem-se uns dos outros? Somos fruto de algo, alguma ideia genial? E porque, porque o homem tem a capacidade de questionar?

Esperamos que alguém tenha, afinal, as respostas para nossas perguntas impertinenentes. Afinal, estamos o tempo todo questionando e mudando. Mas e o tempo, o que é o tempo e porque ele existe? Pois o relógio não para e os ponteiros não descansam. Incessantemente e sempre, sempre igual.

Malditas perguntas.

Metamórfico

29.11.10

Pode ser que se passem os dias. E passem tantos que ela nem se lembre mais. Pode ser que passe a chuva e a ventania que a força a ficar parada nesse mesmo lugar, esse hiato entre si e o Possível. Um Algo que ela se transformou, sem saber que mudava e já mudando assim ficou.

Pode ser que o mundo gire, tudo fique de ponta a cabeça e o que era certo agora só a fumaça.

Pode ser que tudo fique como sempre foi, intacto, em repouso. A calmaria costumeira que não vem precedida de uma ressaca. Pode ser que fique no porto seguro, a sua bolha, o lar, ou qualquer que seja a denominação.

Pode ser que o porto desabe, a bolha estoure e o lar seja somente uma casa qualquer. O céu que animava agora pese de melancolia ou margaridas besbotadas. Pode ser tudo, nada, ou ambos ou nenhum. Que azul vire cinza, que lágrima vire sorriso, que um botão vire uma rosa e uma árvore uma cadeira.

Mas pode ser que não.

Brisa

14.11.10
É lembrar do ontem sem sentir tanta saudade. Saudade a qual deveria ser sentida, mas elas são tão facilmente contadas nas mãos que o cansaço vence a memória. Mas o brilho vago de certos momentos invadem a alma e vem como a ressaca das ondas que se jogam contra as pedras. Eles foram vividos agora a pouco, ou não?




Por que ainda sinto o cheiro desses dias, sinto também o calor do sol, de como ele refletia em mim e como aquecia. Hoje aquece diferente. Esses dias despreocupados chegam aleatórios e impestam a mente nos momentos de alheiamento, e o olhar vazio quando pesa faz chorar, pois a alegria e tristreza são mesclados numa onda de paradoxos criados na mente do ócio.

Faz chover, volta, não volta. Essa leve brisa de lembranças agora,
só um arrepio.

Indiferente

15.10.10


- volta cá.
- espera.
- não, fica.
- não posso.
- vem aqui.
- agora não.
- me olha.
- estou cego.
- me ouve
- estou surdo.
- sente o que eu sinto.
- estou incapaz.

Batimentos cardíacos matematicamente calculados. Expressões congeladas. Palavras frias. Evasivas.

Inexpressivo. Insensível. Indiferente.

Estatica

28.9.10

Os sentimentos andam rasos. O amor é fugaz; raiva passageira; bondade desconfiada e felicidade tão profunda quanto uma poça d'água. Quero querer matar alguém. De asfixia ou risadas. Pular da ponte, com certeza. Meu riso largo amarelou, meu choro secou. Não há motivos, é novidade. E ultimamente não vejo necessidade de me gritar por aí. Onde estão meus quereres infinitos! Quero o que eu quiser, de volta. Preciso reencontrar isso que nem eu sei; preciso daquela lâmpada acesa, tão comum de pouco tempo atrás. Minha caixinha de surpresas não sei onde foi parar, nem porque sumiu.

Estou cinza. É necessário esforço para eu mesma notar-me nesse meio de pessoas fictícias, sorrisos de plástico e nervos de bolha de sabão. Onde está meu entusiasmo? Não acredito que toda curiosidade por esse Mundinho correu rio a baixo e perdeu-se, como a areia da praia que foge das mãos. O novo tornou-se mais uma vez desinteressante mas eu mesma não percebi, ou será que me encontro envolvida por uma daquelas nevoas ilusórias que teimam em pregar peças trocando vermelho por amarelo, riso por contentamento e normalidade por marasmo?

Mostre-me um tudo e talvez nós riremos desse mundo com rostos de porcelana e olhos de botão, tão chatos.

Além do mais, mesmo.

23.5.10

Mas o que eu queria mesmo, é sentir a brisa no rosto
Com alguém do lado, em alta velocidade
Ouvindo o barulho do nada.

Ganhar ou perder

25.4.10

Essa coisa boba que nos faz sonhar. Esse frio na barriga, suor escorrendo pela testa. Essa falta de atenção, essa insegurança. Indecisão. Olhares perdidos, sono perdido. Quando?

Montanha e deserto.

24.4.10



Se imagine.

Então imagine a grotesca imensidão do universo. Ou menos, da Terra. Diga se não se sente nem um pouco pequeno. Tão pequeno como um grão de areia, que ao menor vento é levado para o outro lado do mundo. Tão pequeno que no máximo 500 pessoas sabem seu nome, em conta de que existem um pouco menos de seis bilhões e meio de pessoas em todo o globo.

Agora, imagine, que além da Terra existem centenas de milhares de outros planetas e estrelas e galáxias inteiras, contendo mais planetas e estrelas. Então pense em um grão de areia. O quão pequeno ele lhe parece?

E se um vento pode levá-lo, isso é ruim? Se ele pode ser leve e livre, ser um grão não pode ser tão ruim. Ele muda, ele sai, ele foge, ele faz o que quer. Uma pedra pode ser maior, mas ela é sempre e nunca. Sempre o mesmo e nunca o diferente. Uma montanha será sempre uma montanha. Mas um grão pode ser uma praia, um deserto.

Prazer, grão de areia.

to harry, with love.

19.4.10

Uma tributo aleatório a saga Harry Potter. Pelos livros, pelos filmes, e principalmente, por inspirar tantas pessoas dos lugares mais diversos de todo o globo. E por continuar me inspirando, mesmo depois de tanto tempo.

Sempre em frente, soldado.


A escalada é grande. E a ladeira é muito íngreme.
O céu parece estar sempre longe. O vento corta sua pele.
O sol dilacera seus olhos. Mas você não tem como voltar atrás.
Você nunca tem. Essa água não passará de novo nesse rio.

Então você força mais um passo.
Avante, soldado.



protesto!

18.4.10
"A prefeitura do Rio de Janeiro começou a instalação, nas Linhas Vermelha e Amarela - as principais vias expressas da capital fluminense -, das polêmicas barreiras acústicas que separam as favelas das pistas de alta velocidade. As placas de três metros de altura vão isolar as favelas"


- 12/03/2010 - 08h42 - Uol Notícias




Pelo que o nosso prefeito diz, o Excelentíssimo Eduardo Paes, as tais "barreiras acústicas" são pura e simplesmente para proteger, além dos ouvidos dos moradores da comunidade, para também proteger eventuais atropelamentos. O que não é verdade. Ou melhor ainda, é o que os nossos políticos fazem: encobrir a verdade com algo estúpido. E essa explicação é ridícula. O que se quer é tornar invisível a parte pobre (e feia, feia sim.) do Rio. Só que ela está ali não por conta própria, não é culpa dos moradores da favela o estado do local onde moram. A culpa é inteiramente da prefeitura, primeiro pois, dado que as pessoas estão habitando aquela região eles deveriam investir no local para tornar a vida dessas pessoas miseráveis ao menos sobrevivível. E segundo porque antes que se ocupassem de um local inapropriado, o governo teria por obrigação que oferecer um emprego decente ao menos para que a pessoas pudesse arranjar o emprego que fosse para poder morar em um lugar decente.




Se não quisessem que a paísagem ficasse "feia", que não deixassem chegar a esse estado. E antes de tomar essa medida drástica, de cercamento, projetassem alguma outra medida, menos absurda e drástica. Me diga se não é um cercamento? Voltamos a alemanha dos anos 40? Posso estar sendo muito extremista, mas é o que parece. Arranque as pessoas de suas casas, mas lhe dê novas. Tome seus empregos, mas lhe arranje outros. Bote policias, arranje pessoas da própria comunidade para proteger o limite da rua, tanto faz! Mas não tome conta da vida alheia, concluindo o que é melhor para a comunidade, sem perguntar para a própria. E por favor, não cerque, não pense em um só lado da moeda como sempre.




Põe o tanto que és no mínimo que fazes.

11.4.10




Mas fazes!


Não apenas faça; faça melhor. Dê tudo de si, sem medo. Esqueça de tudo, faça e não pense duas vezes. Pois a consiência é inimiga das ações. Não imagine, não matute, não espere. Principalmente não espere. Enquanto você espera, não se engane, nada parou: o tempo continua passando, as pessoas acordando de manhã e os gatos miando




Não espere; O inexplorado nos amedronta, mas não pode ser o que nos impede. Ele deveria nos encorajar e não nos fazer desistir! Deveríamos tentar e tentar, não pensar e pensar. Fraqueza. E por favor, tente não desperdiçar horas de sono pensando em coisas que não se realizarão. Não se engane. Elas não adiantarão nada.


/ Eu juro que tento.

sometimes we lose

10.4.10
As vezes.

E a perca é amarga, enlouquecedora. Aquele sabor de sal na boca. Não existe discussão, aceite-a, viva com isso, aprenda. Elas não servem para outra coisa a não ser isso: aprenda com o erro, ou aprenda. Pois afinal, passará. A alegria, a tristeza, a dor, a sorte, a vida. Não importa o tamanho e intensidade, passará. E com a perca, vem a negação. Com a negação, a raiva. Com a raiva, angústia, depois a desilusão, e a aceitação. Passou.

Mas as vezes, só as vezes, o tempo necessário é maior que o suportável.

Esse mundo, esse roubo.

2.4.10


As pessoas tem seus momentos de imaginação. Absurdos, tridimensionais ou não, inalcansáveis ou a um palmo de distância, insanos. Todos tem um. Por mais bobo ou impossível. Ele existe, ele está lá, fazendo-as lutarem ou reclamar da vida real o quanto possível. Existe uma hora do dia, da semana ou do mês, que param e pensam e sonham e flutuam. Flutuam. Por mundo imaginados, realidades extraordinárias ou por uma simples mudança. Com a idade, o homem vai perdendo a vontade ou a capacidade de se infiltrar no mundo dos sonhos. Nem que seja imaginando, acordado. Os olhos conseguem enxergar bem demais a realidade, e somos obrigados a abandonar nossa imaginação de lado, nos resiginando com o que nos é dado. Caridosamente dado.

Afortunados os que mantêm a capacidade de imaginar até o fim da vida.

To John, with love.



Um tributo aleatório a John Lennon. Por sua genialidade, força de vontade e voz. Mas principalmente, pelas fotos que nos deixou de presente.

ambiguidade

20.3.10
Você provoca.
Olha.
Você não provoca.
Imagino. Deixo ser, penso ser.
Você nem ao menos sabe.
Ou imagina. Me instala a dúvida.
Eterna dúvida. Agonia, inquietamento.
Maldita incerteza.
7.3.10


Combinação perfeita.

Ideias

18.1.10


Ideias, ideias. Escritas num guardanapo, epifânicas, sem sentido ou intergalácticas. A diferença estar em botar em ação, ou não.

Mostre-me.

10.1.10



Me dizem que existe um mundo lá fora.

Mas, aonde é "lá fora"?

Ela não consegue mais tentar.

Ela vive sozinha. A filha, aos 17 anos engravidou e foi morar com o namorado em uma quitinete, e ex-marido sumiu a anos. Ela tem mãe, uma mãe que vai ao seu apartamento algumas vezes por ano nas datas comemorativas. Mas ela sabe como é uma relação superficial. Também tem trabalho, ela é assistente social, sai cedo e chega tarde. Não se dá ao luxo de ter tempo pra ela mesmo tendo de sobra: se descuidou a muito tempo, deixou de gostar de si. Os outros também deixaram de gostar dela. Não tem muitos amigos, sai pouco e o tempo entre o trabalho ela gasta em casa. Ha alguns meses atrás, ela arranjou um namorado e tudo mudou. A felicidade momentânea de algo novo preencheu sua vida e tudo parecia finalmente bem.

Parecia. Há uns dias, o que parecia ter ido embora voltou. O choro, a tristeza e com ela a insegurança e a depressão. O suposto namorado a traia enquanto fingia trabalhar até tarde nos finais de semana. Pobre dela, que sempre o achou um homem de brio, um homem honesto. Ledo engano. Trabalhava pouco, gastava dinheiro com bebidas e mulheres, fazia de sua casa, uma pensão. Como devia ser bom ter uma cama macia e um banho quente depois de uma noite com outra mulher e bebidas! Mas ele negava. Negava até a morte que ela era a única e que ele era inocente. Jurava por todos os parentes, por Deus! Até chorar ele chorou.

Mas ele seria página virada. Passou, como tudo de bom na sua vida. Agora, novamente, ela está sozinha em casa sem nenhuma compania além da televisão e do cachorro. Ela chora. Chora pelo cafageste do ex-namorado, chora pela criança no ventre da sua filha, chora pela mãe que ela não conhece, chora por ela. Ela se pergunta porque não ouviu quando seu pai a mandou estudar e não ligar para o namorado que a engravidaria mais tarde. Também porque deixou isso acontecer com sua filha. Filho de peixe, peixinho é. Como ela podia ter deixado sua vida em ruina e não fazer nada? Apenas sentou no sofá e assistiu aquele filme passar. Ela deixou o filme passar. Ela pensa em como a vida poderia ter sido diferente. "Aonde será que eu estaria? Será que mais feliz? Com um mundo nas costas, ela talvez não seja capaz de recomeçar. Ela talvez não consiga sair dali. Daquela tristeza. Ela talvez não possa mais fazer nada além de se resignar com o que lhe foi dado. Ela talvez não possa mais. Só que ela pode. Mas não vai. Ela não consegue mais tentar.

Spotless mind

9.1.10
How happy is the blameless Vestal's lot!
The world forgetting, by the world forgot
Eternal sunshine of the spotless mind
Each pray'r accepted, and each wish resign'd.

- Quando se começa algo e parar não depende de nós, não adianta lutar no meio do processo. Está perdido.